Em Curitiba, um ato contra a escala de trabalho seis por um, que consiste em seis dias trabalhados por um de folga, ocorreu no centro da capital. Os manifestantes se reuniram na Praça Santos Andrade, em frente à Universidade Federal do Paraná, e percorreram ruas da cidade. Esse movimento faz parte de uma série de atos registrados em diversas cidades do país, em apoio a uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que sugere uma jornada de trabalho de no máximo 36 horas semanais e quatro dias de trabalho por semana no Brasil. A PEC, de autoria de Érica Hilton do PSOL do Rio de Janeiro, ainda está em fase de coleta de assinaturas e não começou a tramitar no Congresso Nacional.

Entidades representativas de vários setores da economia, especialmente no Paraná, já expressaram oposição à proposta. Argumentam que a medida poderia aumentar os custos e colocar em risco a manutenção de empregos, especialmente em setores com dificuldades de contratação. A Federação da Indústria do Estado do Paraná (Fiep) se posicionou contra a alteração da jornada de trabalho por meio de emenda à constituição, defendendo um debate mais amplo que considere aspectos como produtividade e a realidade atual do mercado de trabalho. Segundo Edson Vasconcelos, presidente da entidade, a PEC desvia o foco de discussões mais relevantes para o país, como a melhoria do PIB per capita e a distribuição de riqueza.

Especialistas em direito do trabalho também apontam que a PEC poderia exigir uma revisão de várias jornadas de trabalho comuns em diferentes setores da economia, afetando desde vigilantes até petroleiros. A medida, mesmo prevendo acordos coletivos de trabalho, poderia ter um impacto significativo, especialmente para pequenos empresários e microempreendedores, que têm mais dificuldades para negociar coletivamente. Isso poderia resultar em aumento dos custos para o consumidor final e potenciais impactos inflacionários.